2016 – O ano do papagaio

O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), que ocorre em todo o Brasil, é uma das espécies mais impactadas pelo tráfico de animais – Foto: Fábio Paschoal

O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), que ocorre em todo o Brasil, é uma das espécies mais impactadas pelo tráfico de animais – Foto: Fábio Paschoal

Papagaios pertencem à ordem dos Psittaciformes, o grupo de aves mais ameaçado do mundo. Eles são coloridos, possuem um bico extremamente forte, são muito fieis (normalmente escolhem um parceiro para toda a vida) e, quando ensinados, conseguem repetir palavras. Devido a essas características, são um dos maiores alvos do tráfico de animais silvestres.

Infelizmente os traficantes destroem ninhos, matam os adultos e pegam os filhotes para serem comercializados ilegalmente. As condições a que os pequenos são submetidos são tão precárias que a cada 10 papagaios retirados da natureza, 9 acabam morrendo.

Papagaios em uma apreensão em 2015 - Foto: Gláucia Seixas

Papagaios em uma apreensão em 2015 – Foto: Gláucia Seixas

Para alertar sobre o tráfico de papagaios e o aumento do risco de extinção dessas aves, e também chamar a atenção para a acelerada fragmentação de seus habitats, foi lançada a campanha 2016 – Ano do Papagaio. A iniciativa, que integra o Plano de Ação Nacional dos Papagaios da Mata Atlântica (PAN Papagaios), é coordenada pela Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) com apoio do CEMAVE/ICMBio e parceria com projetos de conservação dos papagaios (com ênfase nas espécies papagaio-da-cara-roxa, papagaio-do-peito-roxo, papagaio-charão, papagaio-chauá e papagaio-verdadeiro).

Ao longo do ano serão realizadas atividades para promover . Uma das ações que está em curso é uma campanha de crowdifunding (financiamento coletivo) para arrecadar recursos para a impressão de uma cartilha educativa que apresenta os papagaios a crianças e jovens e alerta sobre as ameaças enfrentadas pelas espécies (para saber como ajudar acesse: http://www.kickante.com.br/campanhas/o-ano-do-papagaio-na-luta-contra-o-trafico)

Gláucia Seixas, coordenadora do Projeto Papagaio-Verdadeiro e superintendente executiva da Fundação Neotrópica do Brasil, segura um filhote durante trabalho de campo - Foto: Victor Moriyama-Xibé Image-33

Gláucia Seixas, coordenadora do Projeto Papagaio-Verdadeiro e superintendente executiva da Fundação Neotrópica do Brasil, segura um filhote durante trabalho de campo – Foto: Victor Moriyama-Xibé Image-33

O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) foi escolhido para ser a mascote da campanha por ser a espécie com a maior distribuição no Brasil e a mais pressionada pelo comércio ilegal. Segundo Gláucia Helena Fernandes Seixas, coordenadora do Projeto Papagaio-Verdadeiro e superintendente executiva da Fundação Neotrópica do Brasil, todos os anos, a ave é capturada ilegalmente em grandes números, desde o nordeste, passando pelo sudeste, centro-oeste, até o sul, incluindo os biomas Caatinga, Cerrado, Pantanal e Chaco. “Seu pequeno tamanho, coloração vistosa e, principalmente, sua habilidade para imitar a fala humana tornam essa espécie de papagaio um alvo constante dos traficantes.”

Para Gláucia, criar um papagaio retirado da natureza, além de ilegal, pode contribuir para a extinção da espécie. Mas ela segue com esperança: “Utilizar o papagaio-verdadeiro como espécie bandeira contra o tráfico de aves, em todo o Brasil, pode ajudar na sensibilização e conscientização da sociedade e mostrar a importância das espécies e seu ambiente natural.” E completa “Se não houver compradores das aves o tráfico certamente será reduzido e, consequentemente, as populações nativas serão um pouco mais preservadas.”