Santa Bárbara: a cachoeira mais bonita da Chapada dos Veadeiros

Cachoeira Santa Bárbara, em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros – Foto: Fábio Paschoal

Dia 1: Cachoeiras Santa Bárbara, Santa Barbarinha e Capivara

Saímos de Alto Paraíso de Goiás às 6h30 da manhã rumo à cidade de Cavalcante. De lá pegamos uma estrada de terra até o Povoado Kalunga do Engenho II para conhecer Santa Bárbara, a cachoeira mais bonita e mais famosa da Chapada dos Veadeiros. É importante sair cedo em dias de grande fluxo – como férias, feriados prolongados e finais de semana – porque a viagem é longa (dura mais ou menos 2h30) e somente 300 pessoas podem visitar a cachoeira por dia (essa é uma medida preventiva, já que o acesso limitado ajuda a conservar o lugar).

Chegamos por volta das 9h e pegamos as senhas 284 até 287. Recomendamos sair mais cedo do que a gente ou passar uma noite em Cavalcante para acordar próximo da atração. Por muito pouco não perdemos o passeio.

[Veja a introdução da série 5 dias na Chapada dos Veadeiros]

O local é administrado pela Comunidade Kalunga, povo descendente de quilombolas que vive há cerca de 200 anos na região. A entrada custa R$ 20 (preço em dezembro de 2018) e dá acesso às cachoeiras Santa Bárbara, Santa Barbarinha e Capivara. É obrigatório contratar um guia da comunidade que cobra a diária de R$ 100 por grupo, mas se você estiver sozinho é possível se juntar com quem estiver na fila. Também é preciso pagar pelo transporte (pau de arara) que te leva da sede da comunidade até a entrada da trilha (R$ 10 por pessoa ida e volta).

Cachoeira Santa Barbarinha, em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros – Foto: Fábio Paschoal

Cachoeira Santa Bárbara, em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros – Foto: Fábio Paschoal

A trilha é bem demarcada, passa por rios, tem algumas escadas, mas não é difícil. A primeira parada é na cachoeira Santa Barbarinha. Mas como tinha muita gente, decidimos ir direto para a atração principal. Fizemos a escolha certa! Chegamos na Santa Bárbara e encontramos a cachoeira mais bonita da Chapada dos Veadeiros vazia. Para não ficar muito lotado, cada grupo fica apenas 1 hora no local. Estávamos logo atrás da nossa guia e chegamos exatamente no momento em que o grupo anterior estava saindo.

Com 35 metros de queda, a Santa Bárbara é uma cachoeira linda. A água é gelada na medida certa e, quando a luz bate no poço para banho, as cores se transformam e a sensação é de estar entrando no mar do Caribe ou, para ficar aqui no Brasil, nas águas de Arraial do Cabo.

Cachoeira Santa Bárbara, em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros – Foto: Fábio Paschoal

Depois seguimos para a cachoeira Capivara. Andamos por um trecho de 1 km (que pode ser feito de carro) para pegarmos a trilha de 800 m. O início é plano e bem fácil, mas para chegar à atração, é necessário descer por um caminho íngreme e com pedras. A primeira parada é uma pequena queda d’água com piscina natural, apelidada carinhosamente de Capivarinha.

Após a Capivarinha ocorre a formação de duas cachoeiras com cerca de 40 metros de altura. A primeira é formada pelo Rio Capivara e a outra pelo Córrego Tiririca. Ambas se encontram em um grande poço para banho. O rio segue para um cânion gigante que tem uma vista muito bonita.

Cachoeira da Capivara, , em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros – Foto: Fábio Paschoal

Na volta, fizemos uma rápida parada no Mirante Nova Aurora para tirar fotos e seguimos para Alto Paraíso de Goiás. No dia Seguinte o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros era o nosso destino.

Veja o capítulo 2 da série 5 dias na Chapada dos Veadeiros

Mirante Nova Aurora na estrada para a Comunidade Kalunga do Engenho II, em Cavalcante, Goiás – Foto: Fábio Paschoal

Comunidade Kalunga

Há quatro séculos atrás, com o descobrimento de minas de ouro em Minas Gerais e Goiás, o interior do Brasil começou a ser colonizado pelos europeus. Índios, nativos das terras ainda não exploradas, e negros trazidos da África foram escravizados para fazer o trabalho pesado. Em busca de liberdade, os escravos se organizavam para fugir e, no processo, acabaram desbravando a mata ao redor das jazidas onde trabalhavam.

Na região dos vales da Chapada dos Veadeiros, os escravos que conseguiram escapar fundaram quilombos em terras de difícil acesso para a chegada dos europeus. Esse povo, cada vez mais isolado deu origem aos Kalungas. Eles permaneceram sem contato com outra civilização por quase 300 anos, até que em 1982, um grupo de antropólogos encontrou a comunidade.

Hoje, o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga possui 272 mil hectares, compreende os municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre. É composto por 60 comunidades (sendo as seis principais: Contenda, Kalunga, Vão das Almas, Vão do Moleque, Ribeirão dos Bois e Engenho II), subdivididos em quase uma centena de agrupamentos. Com duas mil famílias, quase oito mil pessoas, o Sítio é a maior comunidade remanescente de quilombo do Brasil.

Em 20 de novembro de 2009, Dia da Consciência Negra, o território Kalunga foi reconhecido por um decreto presidencial. Cabe à Associação Quilombo Kalunga, a responsabilidade de gerir as terras e promover desenvolvimento e cidadania para a comunidade.

Veja o capítulo 2 da série 5 dias na Chapada dos Veadeiros

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